Dois coitados

Na noite sombria da vida
Uma garoa congela a alma
De dois coitados transeuntes
Descobertos seres indignos
Em um diálogo sem voz
-Uma alvorada sem comida
Um crepúsculo  sem cama
Nada mais sera como antes
Após seguidos desatinos
De um pobre ser preterido .
Mas meu grito se aquieta 
E todo o frio e toda a dor
Se esmorece em meu amor.
Após uma vida conturbada
Com diversos picos a vales
Foi fiel a minha amada
Enfrentando juntos os males
De uma existência medíocre.
-Ah se tu soubesse, meu querido
Do tamanho do meu afeto
Nao se sentiria tão  pobre
Pois já teria percebido
A opulência  do sem teto
Que muito ama e é amado.
E sob este cenário lúgubre
O ultimo suspiro dado
Por esta senhora nobre
Ecoaria pelo mundo
Humanizando os imundos.
Uma Mercedes-Benz blindada
A mataria atropelada

Eletrocardiograma Desvairado

Tanta pressão no coração
Muito amor, muita emocao
Consigo sentir a descarga
Que na sistole se alarga
Devido a sobrecarga
Gerada por tanta pressão

Não sei porquê, meu coração
Bate sem muita perfusão
Mesmo bem hipertrofiado.
Um coração tão mal amado
Uma hora fica cansado
De tamanha desilusão.

Talvez a interpretação
Fosse de erro de condução
E eu fui precipitado
Achando que fui rejeitado
E na verdade o recado
Era me chamar à ação

Agora ja  foi a paixao
O que resta é a lição
De nunca usar a razão
Para sentir o coração
Uma vez que fui amado
Fugi e fiquei arrasado

amor da minha vida

o amor da minha vida
nao durou por toda a vida
mas nao foi so um verão.
foi longo como um sertão
num intervalo de tempo
que nao durou um alento

o amor da minha vida
era bela e querida
deixava-me com tesao
tirava-me a tensao
ficava todo o tempo
tornando-me mais atento

o amor da minha vida
recomeçou minha vida
foi uma decepção
uma grande ilusão
a cereja de um tempo
marcado pelo tormento

o amor da minha vida
Deu-me alegrias na vida
de tamanha proporção
que nem mesmo um sultão
dono do espaço e do tempo
teria conhecimento.

Por fora da janela

passo minha vida olhando pelas janelas

Oh Deus! por que me colocaste para fora

todo o infinito que existe por trás delas

e nunca para dentro onde meu sonho mora?

quanta ternura, quanto afeto eu vejo

por quanto tempo agonizarei mundo a fora

no pai que viu crescer o fruto de um beijo

na mulher que responde com seu gracejo

se adentro é onde meu coração mora?

mas esse infinito amor  some abruptamente

se me condenaste à marginalidade

e uma cortina  fecha a minha frente

por que me mostra tanta cumplicidade

não peço mais uma existência querida

nestas tuas obras pinceladas com vida

eu desejo apenas uma boa jazida

que por mais que as aprecie, não as adentro

onde finalmente estarei por dentro

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passo minha vida olhando pelas janelas
todo o infinito que existe por trás delas
quanta ternura, quanto afeto eu vejo
no pai que viu crescer o fruto de um beijo
mas esse infinito amor  some abruptamente
e uma cortina fecha a minha frente
oh Deus! por que me colocaste para fora
e nunca para dentro onde meu sonho mora?
por quanto tempo agonizarei mundo a fora
se adentro é onde meu coração mora?
se me condenaste à marginalidade,
por que me mostra tanta cumplicidade
nestas tuas obras pinceladas com vida
que por mais que as aprecie, não as adentro?